A Obstetra e gravidez anembrionaria
A Obstetra e gravidez anembrionaria
Ai, ai ,ai, ai, ai tá chegando a horaaaaa! Chegamos na 37ª semana!
Engraçado
que nas consultas semanais a obstetra sempre bate palmas para Aninha e
parabeniza por ela estar calminha avançando semana após semana para
nascer no tempo certo. Durante a gestação precisei me afastar em alguns
momentos do trabalho por sentir contrações apresentando risco de parto
prematuro. Por tudo isso, minha obstetra que é uma profissional
maravilhosa, faz questão de comemorar conosco o avanço da minha
gestação.
Respondendo
a pergunta da minha amiga Kiu sobre a obstetra: O nome da obstetra
maravilhosa é Tiana Freire. Ela atende em Aracaju na clinica Santa
Helena. Para justificar a indicação vou contar sobre a minha primeira
gravidez. Senta que lá vem a história.
Resultado
do beta em mãos, pai e mãe de primeira viagem ligando para
todos(T-O-D-OS) da nossa agenda para contar que estávamos grávidos,
antes mesmo de fazer a primeira transvaginal. Sentíamos uma alegria
louca por ganhar um presente maravilhoso. Não passava por nossa cabeça
que poderia existir qualquer problema com a fecundação. Fizemos mil
planos, contamos os meses para o parto e comemoramos muito com as nossas
famílias.
Como
ainda não tinha uma ginecologista em Aracaju, resolvemos fazer o
primeiro exame com uma médica em Salvador que não me darei nem o
trabalho de dizer o nome. Não vale a pena.
Na primeira consulta já sentimos que tinha algo estranho com a médica. Ela simplesmente não
nos ouvia. A consulta tinha o tempo marcado e o nosso sentimento era
que ela procurava fazer tudo rápido para chamar a próxima paciente.
Chegou a hora da transvaginal e a médica não conseguiu ver o embrião,
somente o saco gestacional. Apesar disso não perdeu muito tempo
explicando e se limitava a responder somente o que questionávamos. De
forma resumida, nos disse que realmente eu estava grávida, mas que por
ser recente ainda não era possível ver o embrião. Pediu que
retornássemos em 15 dias e praticamente nos expulsou do consultório para
chamar a próxima consulta.
Ao
sair do consultório nem esperei chegar em casa e pelo celular mesmo
pesquisei sobre o assunto. Foi assim que descobri o que era uma gravidez
anembrionaria. Li relatos de diversas mulheres e fiquei torcendo para
aquilo não acontecer conosco. Gravidez anembrionária é
uma gravidez sem embrião. Você faz o teste e como uma gravidez normal o
resultado é positivo. Somente na transvaginal é diagnosticado que o
saco gestacional se formou, mas não será gerado um bebê, pois falta o
embrião. Existem diversas opiniões sobre o que pode causar a não
formação do embrião. O uso de anticoncepcionais por muito tempo ou
simplesmente uma falha da natureza. Não há consenso sobre o assunto.
Esperamos
ansiosos os tais 15 dias e retornamos para uma nova transvaginal. Foi
nessa consulta que a médica atingiu o seu grau máximo de insensibilidade
e falta de profissionalismo. Na transvaginal ela não conseguiu ver o
embrião e pediu que retornássemos em 15 dias. Novamente sem qualquer
explicação.
Meu
esposo questionou se isso seria normal para a idade gestacional do
bebê. A criatura na maior cara tranqüila disse que pelo tempo já deveria
ter aparecido, mas que nós não nos preocupássemos, pois se fosse uma
gravidez anembrionária era só fazer uma “curetagenzinha” e pronto. Dessa
forma ela explicou que a minha gravidez poderia ser anembionaria.
Simples assim!
Agora
imagina a cena. Eu e meu esposo boquiabertos olhando para cara da
médica. A minha vontade era sacudir a infeliz e gritar “ Minha filha meu
problema não se resolve com uma curetagenzinha. Eu quero meu bebê! Você
acha que ela se deu ao trabalho de explicar o procedimento da
curetagem? Novamente encerrou a consulta apressadamente e nos conduziu
até a porta.
Já
em Aracaju uma colega de trabalho indicou a Dra. Tiana. Cheguei ao
consultório traumatizada com a experiência da médica/monstra. Fui
surpreendida com uma profissional delicada, competente e extremamente
sensível. Dra. Tiana me explicou tudo sobre gravidez anembrionária e
tirou todas as minhas dúvidas. Pediu que eu esperasse mais um tempo,
porém alertou que nesse período eu poderia ter um sangramento. Esse
sangramento significava que a gravidez realmente era anembrionária e que
o meu corpo estava expelindo naturalmente o saco gestacional.
E
assim aconteceu. Em alguns dias eu tive um sangramento e foi triste.
Mas não foi assustador porque a médica tinha nos preparado para essa
possibilidade.
Apesar
do sangramento, uma nova transvaginal mostrou que o saco gestacional
não foi expelido completamente. Foi nessa situação que realmente
comprovamos que a nossa médica não era uma obstetra e sim a obstetra.
Diferente da médica anterior, Dra. Tiana não nos ofereceu uma
“curetagenzinha” para ganhar dinheiro com a intervenção e sim opções
para que a escolha fosse nossa. Ela nos explicou sobre a curetagem e
também sobre uma segunda opção que seria tentar tomar um medicamento
para que útero sofresse contrações e eliminasse o saco gestacional
naturalmente.
Adotando
a segunda opção poderíamos tentar uma nova gravidez logo depois de
comprovar que o saco gestacional tinha sido completamente expelido. Já
optando pela curetagem precisaríamos esperar alguns meses. É claro que
preferimos fazer a tentativa com o medicamento que graças a Deus deu
certo!
Lembro que ao comprovar que meu útero estava limpo, Dra. Tiana olhou nos meus olhos e
disse: “ Não se preocupe. Você vai voltar e eu terei o prazer de fazer o
seu pré natal.” Ela consolou minha tristeza com palavras carinhosas de
esperança.
E
com essas palavras proféticas, retornei dois meses depois com outro
resultado nas mãos. Minha querida obstetra ,engraçada como sempre, ao
olhar o resultado disse: “ Já Flavinha? Já vi que teremos que conversar
sobre contraceptivos logo que o bebê nascer!
Na
primeira transvaginal ficamos procurando o saco gestacional na tela
preta e para o nosso alivio lá estava o embrião, a nossa Aninha. Se não
fosse o esclarecimento correto da médica, oferecendo uma opção diferente
da curetagem, nossa alegria não aconteceria tão cedo.
Dra.
Tiana atende os meus telefonemas. Dra. Tiana sabe o nome da minha filha
apesar de atender inúmeras pacientes. Dra. Tiana sabe que meu esposo só
pode acompanhar as ultras e valoriza a presença dele. Dra. Tiana não se
tornou uma estatua vestida de branco sentada sobre a arrogância de anos
de medicina. Dra. Tiana é gente como a gente. Dra. Tiana é a obstetra!
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