Depressão em gestantes pode retardar crescimento do bebê
Depressão em gestantes pode retardar crescimento do bebê
Especialista ressalta que baixo peso e altura insuficiente do bebê têm reflexo também na vida adulta
O que desencadeia estresse em gestantes, como violência e depressão, 
pode provocar retardo no crescimento do bebê ainda no útero. Esse é um 
dos resultados de uma pesquisa da Faculdade de Medicina da Universidade 
de São Paulo (USP), que acompanhou a gravidez de 900 mulheres do bairro 
Butantã, na capital paulista.
O objetivo do projeto é identificar fatores associados a um bom ou mau 
desenvolvimento de crianças – do nascimento à idade pré-escolar – do 
ponto de vista de saúde orgânica e mental.
O estudo mostrou alta prevalência de depressão (quase 30%), além de 
quadros de ansiedade (16%). Foi identificado que 27% das mulheres 
sofreram algum tipo de violência na gestação (física, psíquica ou 
sexual). “Uma em cada quatro mulheres sofre uma situação como essa. A 
partir daí, identificamos que as crianças, cujas mães passaram por 
situações de estresse psicossocial, nasciam com peso inadequado para a 
idade gestacional”, explicou o coordenador da pesquisa, Alexandre 
Ferraro, professor da USP.
Ferraro destaca que o baixo peso e a altura insuficiente do bebê têm 
reflexo também na vida adulta. Segundo ele, pesquisas apostam em aumento
 nas chances dessa pessoa, quando adulta, ser hipertensa, diabética, 
obesa, ter câncer e desenvolver doenças mentais. “Estamos vendo algo que
 está piorando o estado nutricional da criança quando nasce, mas isso 
não tem efeito só no nascimento, mas vai aumentar a chance desse 
indivíduo ter os principais problemas de saúde hoje presentes”, apontou.
O estudo analisou o impacto dos fatores de estresse por volta dos 
seis meses de idade e constatou-se que o desenvolvimento cognitivo e de 
linguagem eram comprometidos por experiências que a mãe teve na 
gestação.
As crianças com esta idade apresentavam uma frequência de atraso na 
linguagem de 8%, no desenvolvimento motor de 11% e cognitivo de 3%, 
sendo que a depressão e o uso de álcool e drogas durante a gestação 
contribuíram de forma significativa com o atraso.
O professor avalia que é preciso ampliar os aspectos observados no 
pré-natal para favorecer um acompanhamento integral da mulher e prevenir
 os futuros impactos de fatores a que a mãe foi exposta para a 
criança. “A mensagem desta pesquisa é: você está preocupado com a saúde 
do bebê e as suas consequências quando o bebê virar adulto? Então preste
 atenção na mãe”, disse Ferraro.
O médico comemora o fato de os pré-natais terem se massificado no país,
 mas acredita que é preciso avançar. “Isso significa preparo dos nossos 
profissionais de saúde para observar coisas que até então não costumavam
 prestar atenção”, declarou.
O projeto, que envolve os departamentos de pediatria e psiquiatria, 
contou com 20 psicólogas para aplicação dos questionários. A maioria das
 mulheres participantes da pesquisa (70%) pertencem à nova classe C.
A pesquisa, iniciada em 2011, está em curso. Nos próximos quatro meses,
 serão analisados dados referentes ao primeiro ano de vida e no próximo 
ano, os relativos ao segundo ano de vida. Entre os aspectos analisados, 
estão informações sobre o relacionamento da mãe com o bebê e o 
desenvolvimento físico e mental da criança. “Serão observados aspectos 
de desenvolvimento motor, cognitivo e de linguagem que vão dar algumas 
pistas de como esta criança vai chegar à escola , cujas mães sofreram 
situações de estresse psicossocial”, apontou.
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